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a demoracia da moda


A 25 de Abril de 1974, o Movimento dos Capitães, formado por um grupo de oficiais das Forças Armadas Portuguesas, levou a cabo um Golpe de Estado que pôs fim a muitos e longos anos de ditadura e opressão.
Uma revolução que entrou para a história sem tiros nem sangue derramado.
O "Dia da Liberdade", ficou para sempre associado à imagem dos soldados com cravos vermelhos no cano das espingardas.

Antes desta data, não havia "Moda" em Portugal. Os modelos estrangeiros eram reproduzidos com a autorização dos criadores e os poucos grandes costureiros compravam toilettes e tecidos em França ou Itália, confeccionando peças destinadas a uma elite muito reduzida.
Só mais tarde, com as mudanças verificadas na sociedade, surgiram boutiques e grandes marcas, e com este aumento da oferta, os portugueses passaram a ter também uma nova atitude em relação à imagem.

É ainda na década de 70 que Ana Salazar dá inicio à sua carreira, desenvolvendo uma filosofia de vanguarda.
Na sua primeira loja "Maçã", vendia quase exclusivamente (apesar de todas as restrições) peças importadas de Londres.
Nos conturbados anos 74/ 75, abre a segunda loja "Maçã" e cria "Harlow", a sua própria fábrica.

Em 78 dá inicio à apresentação das colecções com o seu nome tanto em Portugal como no estrangeiro, e Paris rende-se ao seu talento.
A sua loja é referida pela Marie Claire francesa como "O novo templo da Moda".

Nos anos 80 Portugal preocupa-se em acompanhar os novos tempos, dando os primeiros passos num longo e árduo caminho, pois para alem da falta de meios e de não haver uma "cultura de moda", instala-se na população (principalmente nas camadas mais jovens) uma espécie de "preconceito" em relação a tudo o que é português.

Todo o período de ditadura, em que as fronteiras se encontravam "fechadas" a toda e qualquer influencia do exterior, fez Portugal parar no tempo.

Os jovens dos anos 80, aspiravam por cultura e modernidade, e o país tinha ainda pouco para oferecer, sendo necessários muitos anos para que se encontrasse ao nível do mercado internacional - uma realidade totalmente diferente, mais avançada e aliciante.

Não generalizando, é relativamente fácil hoje em dia encontrar talento, profissionalismo e qualidade em muitas áreas - incluindo na moda - porem, os próprios estilistas continuam a sentir que não há uma justa valorização do seu trabalho a nível nacional.

Contornando as dificuldades inerentes à própria economia do país e a falta de apoios consistentes, a moda portuguesa tem vindo a afirmar o seu valor um pouco por todo o mundo. Subsiste contudo uma "mentalidade cristalizada" nos consumidores de moda, que continuam a procurar marcas estrangeiras em detrimento das portuguesas.

É necessário abolir fronteiras e globalizar a cultura sem perder a identidade. Acabar com rótulos e estereótipos, e aprender a valorizar o que "é nosso".

Mesmo com crise, e desemprego crescente, e escândalos governamentais.
Cultivar o optimismo e uma atitude positiva, talvez não seja a solução, mas um caminho possível para dias melhores.

Comentários

Pepa Xavier disse…
Boa pesquisa, gostei imenso do texto. Tens andado desaparecida, que passa?
Diva disse…
Miss,
como andas?!
Que novidades contas?!
Bisou
Tany disse…
Excelente artigo, Inês!
Anónimo disse…
Descubro agora o teu blog e gosto muito! Estamos em contacto!

xo xo
THIS IS FASHION disse…
ADOREI O POST, AS FOTOS, O TEXTO!!

BJOS FABI!
Joana Su disse…
Olá Inês!
Gostei muito do teu artigo. Excelente!!!
Beijinhos
Joana

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