Avançar para o conteúdo principal

reflexão



Usar o que “está na moda” é já por si, “estar fora de moda”.
Como traduzir o conceito in/ out?
Sensibilidade estética.
A apologia do estilo intemporal – do sermos iguais a nós mesmos, sem o subterfúgio estereotipado catalisador de personalidade.
Se há criadores que se “descolam” dos padrões, numa linguagem muito própria, à mercê da criatividade, outros admitem não deixar de ter em conta as “correntes de gosto” gerais.
(O inconsciente colectivo das tendências.)

A moda democratizou-se, e tornou-se um mix de influências, que muitas vezes revisitam o passado.
Um fenómeno cíclico de reinterpretação permanente.

Nada é mais deprimente, do que usar “o que se usa”.
Será a globalização cultural uma engrenagem de estupidez estética colectiva?
Viva o kitch e o minimalismo, o casual e o trendy!
A fusão original de tudo o que nos apetecer.
Em consciência.



Por isso, eu adoro os estilistas!
O conceito cortado em tecido.
A liberdade do vestuário, feito forma de expressão.
Quem somos? Como comunicamos? Que mensagem queremos passar?
Que nada disto tenha importância.
A simplicidade vs complexidade do EU depurado – adornado pela nossa forma de ser, de estar e de sentir.

“Compre peças que vai querer usar durante anos. Conheça-se a si mesmo, e use só o que for para si.”
A cor da moda é o “flavor of the week” descartável, como o trapinho da estação.
A qualidade surge como valor inabalável.
Qualidade de design, de materiais, de identificação.

Um desfile de moda enquanto manifestação artística, não tem de ser óbvio ou consensual.
São flashes de imagens que deixam o nosso espírito voar por entre cores e texturas, volumes e formas, combinações imprevistas e mensagens codificadas.
Se Dior ainda acelera corações, e a alta-costura se apresenta como aquele mundo paralelo de exuberância que sempre nos fará sonhar…
Que o culto da beleza individual, pessoal e intransmissível, esteja presente nas nossas vidas – no luxo ou simplicidade.
Que a “pratica estética”, seja o guia das nossas escolhas.



O estilo, não é uma mascara adaptável.
Vem de dentro para fora. O interior, reflecte o exterior.
É auto-conhecimento e atitude, projectados em imagens.
É uma forma de rebeldia. De ousar o que mais ninguém usa.
De estar à frente do nosso tempo.
É brincar com a oferta, e adapta-la.
E estar para alem de tudo isto.

A moda?
Uma futilidade necessária, ou a montra histórica - social - psicológica e cultural de toda uma sociedade?

Moda é arte.

Comentários

Aline Oliveira disse…
Por isso uso o que eu gosto, o que valoriza o meu corpo, o que me deixa alegre. Vivo na onda do Enjoying myself, e já dou a minha contribuição para o mundo da moda.
Post maravilhoso!
Adorei
beijo
Diva disse…
Olá Inês :)

Obrigada pelo teu "elogio" :)

Gostei muito do teu cantinho e irei linkar-te.

Bisou
Anónimo disse…
Adorei seu blog vou fazer um link com o Vanguarda.
bjs
Sonia Schmorantz disse…
A palavra mágica
dorme na sombra
de um livro raro.
Como desencantá-la?
É a senha da vida
a senha do mundo.
Vou procurá-la.
Vou procurá-la a vida inteira
no mundo todo.
Se tarda o encontro, se não a encontro,
não desanimo,
procuro sempre.
Procuro sempre, e minha procura
ficará sendo
minha palavra.

Carlos Drummond

Lindo domingo!
abraços
Anónimo disse…
Um excelente e inteligente texto.
Daqueles que não sai de moda.

Nuno
Gothicum disse…
"Que o culto da beleza individual, pessoal e intransmissível, esteja presente nas nossas vidas – no luxo ou simplicidade."

Ora aí está uma frase que não se perde na veracidade da vida. Às vezes o sofisticadamente simples, sem grandes modas, é o que cai melhor no corpo e na alma. Para estar na “moda”, em primeiro de tudo, é necessário vestir e aconchegar o espírito interno pois, caso isso não aconteça, não haverá Dior nem Versace que embeleze o exterior. O texto está muito bom, excelente reflexão. Abraços
Pepa Xavier disse…
Olha quem eu encontrei pela blogosfera! Então Inês como é que estás? Vais à próxima edição da Moda Lisboa? beijinho

Filipa

Mensagens populares deste blogue

Nuno Gama: Nacionalidade e cultura portuguesa

Nuno Gama, um nome há muito presente no top da moda portuguesa, explodiu nos anos 90,tornando-se desde então uma referência incontornável, principalmente na moda masculina. Após ter concluído o curso de design de moda no Citex - Porto, apresenta a sua primeira coleção na Moda Lisboa, dando início a uma colaboração regular com a indústria têxtil em áreas como tecidos, peles, calçado e confecção. Nuno Gama marcou uma nova era na moda nacional, estando presente em importantes exposições estrangeiras como 'Mode Gitanes' no museu do Louvre - Paris, ou 'Hombres de Fraldas' - Madrid. A sua assinatura, é uma forte inspiração na tradição e cultura portuguesa, tanto devido à presença de elementos representativos da identidade nacional, como no recurso a técnicas de artesanato tradicionais. Nuno Gama levou Portugal além das fronteiras com as suas criações. Em 93 vence o concurso de design de fardas para os Museus de Portugal e em 97, para a Portugal Telecom. Foi responsável pelo g...

Jovens Criadores

Mara Índio concluiu o curso profissional de estilismo em Guimarães, e frequenta actualmente a Faculdade de Belas Artes do Porto. Tem participado em vários concursos de design de moda, vencendo em Vigo (Espanha) e em Leiria, numa iniciativa promovida pelo Instituto Português da Juventude. Tem como referência a criadora Alexandra Moura, e o gosto pelo lado artístico da moda. Antes da sua apresentação no desfile Acrobatic 09 , conversamos sobre a colecção que preparou para o evento. IS- Como começou o teu interesse pela moda? MI- Acho que isso nasceu comigo...não houve um inicio. IS- Como defines o teu estilo? MI- Sou prática para o dia a dia, mas gosto de me vestir bem, principalmente para sair à noite. O “vestir bem” está muito ligado ao nosso estado de espirito.. IS- Dás muita importancia às tendências da moda? MI- As tendências são lançadas pelos criadores, e dependem da forma como olhamos para elas. IS- Qual foi o tema desenvolvido para esta colecção? MI- O tema da minha colecç...

Inverno abaixo de 0º

Ano novo! Os primeiros dias de 2010 trouxeram uma vaga de frio que transformou toda a Europa numa imensa arca frigorífica. Temperaturas negativas ao limite do imaginável, começam a provocar quebras na economia em Inglaterra e nos países do Norte. Portugal, vive abaixo de 0º, e a neve cai um pouco por todo o país. (vista da Serra da Estrela - Joana Soares ) Camisolões de lã, botas acima do joelho, coletes em pêlo, casacos acolchoados, luvas, chapéus e cachecóis tornam-se indispensáveis para nos protegermos do frio...e estar na moda! Para esta estação, as propostas apresentadas pelos estilistas portugueses basearam-se na elegância e sofisticação do Urban-Chic. Conforto e modernidade. Oposição fluidos VS estruturados, exuberância volumétrica, assimétricos, plissados, influência retro e uma interpretação contemporânea do classicismo. Mistura de texturas e materiais. Seda, cabedal, pêlo e lã tricotada. ( desfile Pedro Pedro, Moda Lisboa/Estoril 32 - Rui Vasco ) Pudemos ape...